China aumenta gastos em forças armadas e preocupa defesa norte-americana
A China tem aumentado seus gastos em forças armadas que estão se tornando maiores e mais eficazes, ao mesmo tempo em que recusa intercâmbios com o Departamento de Defesa dos EUA, que poderiam melhorar a estabilidade, segundo um estudo do Pentágono divulgado na segunda-feira.
Altos funcionários do Pentágono reconheceram que grande parte do programa de modernização das forças armadas chinesas pode refletir a ambição racional de uma crescente potência global, embora o país possa ser um rival preocupante para os interesses americanos na região do Pacífico.
Mas por todo o governo americano – da Casa Branca ao Pentágono e Congresso– as autoridades expressam preocupação pela falta de transparência por parte da China, a respeito do crescimento, capacidades e intenções de suas forças armadas. Isso pode provocar instabilidade em uma região vital.
Os gastos gerais da China em defesa nacional para 2009 foram estimados em US$ 150 bilhões, um aumento de 7,5%, mas isso é apenas cerca de um quinto do que o Pentágono gastou nas guerras no Iraque e Afeganistão, segundo um estudo.
O arsenal de mísseis da China, posicionado do outro lado do estreito de Taiwan, um aliado americano considerado uma província desgarrada por Pequim, não cresceu substancialmente em número, mas está sendo atualizado para maior capacidade, segundo o relatório.
Dentre os muitos pontos potenciais de conflito, Taiwan continua sendo o mais notável, já que a China congelou o intercâmbio militar com o Departamento de Defesa americano no início deste ano, após um anúncio de que os Estados Unidos estavam vendendo mais de US$ 6 bilhões em armas para Taiwan.
Funcionários do governo disseram que apesar dos laços entre Washington e Pequim estarem melhorando nas áreas diplomática e econômica, o relacionamento militar espinhoso é motivo para preocupação.
Outra causa de preocupação, segundo o estudo, é a ênfase da China em armas que poderiam obstruir a capacidade dos navios de guerra americanos de operar em águas internacionais além da costa; essas armas incluem mísseis de precisão de longo alcance e uma crescente frota de submarinos e navios de guerra.
O estudo do Pentágono disse que a China tem um programa ativo para desenvolvimento e construção de vários porta-aviões, cuja construção pode ter início no final deste ano. A China também parece querer expandir seu arsenal de submarinos nucleares, com um submarino lançador de mísseis e vários submarinos caçadores de submarinos já no mar, todos movidos a energia nuclear para maior autonomia. Esses submarinos nucleares são um acréscimo ao número maior e crescente de submarinos caçadores de submarinos, a diesel, da Marinha chinesa, segundo o estudo.
Funcionários do governo e oficiais militares também criticaram as ações da China além de suas águas territoriais, particularmente no Mar do Sul da China. Funcionários do Pentágono dizem que as forças armadas da China parecem ter a intenção de reivindicar jurisdição marítima além do alcance aceito pela lei internacional.
Os altos funcionários do Departamento de Defesa que divulgaram o estudo se recusaram a se envolver na discussão de políticas, mas o deputado Ike Skelton, democrata do Missouri e presidente do Comitê de Serviços Armados da Câmara, expressou uma posição compartilhada pelo Pentágono.
Em uma declaração divulgada na segunda-feira, Skelton disse estar preocupado com as “ambiguidades ligadas à modernização militar da China, incluindo o aumento de mísseis próximos de Taiwan, suas atividades navais no Mar do Sul da China e o aumento constante de sua capacidade de projeção de poder, que não apoia de forma óbvia os objetivos de segurança nacional declarados pela China”.
Apesar da “China ter dado alguns passos visando aumentar a transparência de seus gastos e estratégia de defesa nos últimos anos”, disse Skelton, “esses passos são modestos. O orçamento militar mais recente da China mantém uma tendência de aumentos anuais insustentáveis, e as intenções estratégicas da China permanecem opacas”.
O relatório do Pentágono é divulgado no momento em que a China superou o Japão no segundo trimestre do ano, tornando-se a segunda maior economia do mundo, atrás dos Estados Unidos.
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