domingo, 5 de dezembro de 2010

Afeganistão um mundo a parte

Dr. EDU DALLARTE

Um mundo à parte


Uma notícia "curiosa", que obriga a refletir.


De acordo com um inquérito realizado nas províncias de Helmand e Kandahar, 92% dos inquiridos Afegãos (1.000 homens) nunca tinha ouvido falar do 11 de Setembro.

Assim, enquanto a maioria dos Americanos estão indecisos sobre a guerra no Afeganistão, pois acham difícil esquecer o assunto 11 de Setembro (que segundo os Estados Unidos foram planeados em alguns dos 40 campos de treino de terroristas do País asiático), os Afegãos, dos quais 72% são analfabetos, nunca ouviram falar das Torres Gémeas e não têm a mínima ideia do motivo pelo qual os Estados Unidos e a Nato estão no próprio País!

E é a total falta de informações, provavelmente, a torna-los mais hostis à presença norte-americana. Para eles, é totalmente despropositado e absurdo deixar a própria terra ocupada por forças estrangeiras.

Sabemos que o conhecimento do mundo externo está ligado, em boa parte, às infra-estruturas da informação.

No Afeganistão não há electricidade em muitas áreas, isso limita o acesso à televisão e à Internet. O acesso à Internet alcança apenas 3% da população, tanto por causa dos altos custos das comunicações por satélite, tanto porque faltam os cabos da fibra óptica mais moderna.

Os sinais de satélite fizeram com que 30% dos Afegãos pudessem ter um telefone celular.

No entanto, o acesso à informação é mais fácil (e por isso limitado) em áreas urbanas como Cabul e Mazar, enquanto nas zonas rurais do sul, por exemplo, estar a par do que se passa no mundo é um verdadeiro desafio.


Fontes: juancole

E...?


"Somente os tolos não têm dúvidas."
"Tens a certeza?"
"Não tenho dúvida!"
Luciano De Crescenzo

Hoje abrir um qualquer diário significa ler as revelações de Wikileaks. Não há maneira de fugir, pois ocupam todos os títulos.
E já alguém fala de 11 de Setembro da diplomacia.
Impressionante.

Eu não quero ser "do contra", não quero dizer o contrário só porque é chic e faz muito intelectual. Esta é uma atitude particularmente estúpida. Mas quero duvidar, sempre e acerca de tudo.

Então vamos ver estas clamorosas revelações de Whiskyleaks.

Os principais financiadores da rede terrorista Al-Qaeda continuam a ser doadores sauditas
Ohhhh. Afinal não é Israel que financia Al-Qaeda, afinal são os Árabes.

A China desenvolveu uma acção de sabotagem de computadores tendo por alvo os Estados Unidos e os seus aliados
Ohhhh, Eu pensava que a cyberguerra fosse só ficção científica. Mas não, Whiskylik explica que é mesmo realidade.

Norte-americanos e sul-coreanos discutiram a perspectiva de uma Coreia unificada em caso de implosão do regime de Pyongyang, devido à transição de liderança, ou a problemas económicos.
Ohhhh. Quem diria? Americanos e Sul-Coreanos discutiram duma possível guerra na Coreia?

Os EUA pediram aos seus diplomatas para intensificarem a recolha de informações sobre dirigentes estrangeiros. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e os representantes dos outros membros permanentes no Conselho de Segurança - França, Reino Unido, China e Rússia - foram também vigiados mais de perto.
Ohhhh. Como se chama este? Deixem ver..."espronagem"? "estrionagem"? Não, "espionagem", isso mesmo.

O Guardian refere que o rei Abdullah, da Arábia Saudita, "apelou frequentemente" aos EUA para atacarem o Irão, a fim de travar o seu programa nuclear, segundo o embaixador saudita em Washington. O rei aconselhou os norte-americanos a "cortarem a cabeça da serpente"
Ohhhh. Assim, a Arábia Saudita, aliado dos Estados Unidos, está contra o Irão. Revolucionário.

O embaixador norte-americano em Riade refere num relatório enviado à secretária de Estado Clinton, preparatório da sua visita de Fevereiro deste ano, que Abdullah afirmou que "se o Irão conseguir desenvolver armas nucleares, todos na região farão o mesmo, incluindo a Arábia Saudita".
Ohhhh. Não, sério? Mas quem poderia imaginar...

Os documentos revelados confirmam, segundo El País, a intensa actividade diplomática norte-americana para bloquear o Irão, que o predomínio da China na Ásia é visto como um dado adquirido, bem como os esforços desenvolvidos junto dos países da América Latina para isolar o líder venezuelano, Hugo Chávez.
Ohhhh. Fico se palavras.

Mas vamos em frente, pois há uma parte dedicada aos vários leader mundiais.
Diplomatas norte-americanos citam fontes que o descreviam [Kim Jong-il, NDT] como um tipo flácido ou como alguém com traumas físicos e psicológicos em resultado da trombose que sofreu recentemente.

Da embaixada norte-americana em Paris vinham comunicações que descreviam o estilo pessoal autoritário e muito sensível do Presidente francês Nicholas Sarkozy, num relatório em que era notada a sua tendência para criticar a acção do primeiro-ministro François Fillon e dos membros do seu próprio gabinete.

Sílvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano, é descrito como irresponsável, vaidoso e ineficaz como um líder europeu moderno por Elizabeth Dibble, a encarregada de negócios dos EUA em Roma. Outro relatório proveniente da embaixada norte-americana em Itália fala de Berlusconi como um líder “física e politicamente fraco, cujas “noitadas frequentes e gosto pelas festas fazem com que não descanse o suficiente.

Hamid Karzai, o Presidente afegão, é tido como “um homem muito fraco que não liga aos factos, é facilmente influenciado por quem lhe vier comunicar as histórias mais bizarras que falem de conspirações contra ele.
Nicolas Sarkozy? Autoritário e sensível, muito disposto a queixar-se com os membros da própria equipa e o primeiro-ministro François Fillon.

Kadhafi? Uso de Botox, tem medo de voar sobre a água e uma paixão por corridas de cavalos e flamenco, o hábito de ser acompanhado por toda a parte por uma assistente/enfermeira ucraniana Galyna Kolotnytska

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe? "um velho louco"

Angela Merkel? "Evita os riscos e raramente é criativa."

Fofocas? Não, grandes revelações.

Então?

Resumindo: Wishkyliks revela o que todos já sabiam. Este é o grande scoop contido nos 250.000 documentos que agora podemos ler.

Podemos?
Não, podem.

O que estamos a ler, por enquanto, são resumos feitos pelas redacções dos grandes diários internacionais, como The Guardian ou Der Spiegel. E os jornais mais pequenos "relatam os relatórios". É normal, ninguém lê 251,287 documentos.

Resultado: zero.
Os files de Whiskyliks falam de coisas conhecidas há muito.

Pergunta: cui prodest? Quem ganha com isso?
Por enquanto não há resposta.

Mas podemos realçar um facto: acerca de Israel não há notícias.
Curioso, não é?

Aliás, há uma, a seguinte:

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, é classificado como um homem elegante e encantador

Ohhhh...


Fontes: Público, Corriere della Sera. Wikileaks

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