quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Gaza com medo, sobre ataque


Os únicos que se atrevem a sair às ruas na faixa de Gaza, nesta quinta-feira, estão de luto, reunidos próximos às mesquitas, ou são pessoas formando filas nas padarias, preocupadas com uma possível falta de alimentos. As ruas estão quase vazias.
Um estranho silêncio pesa sobre a cidade, interrompido apenas pelas sirenes das ambulâncias que transportam os feridos para o hospital mais próximo, e pelo barulho dos ataques aéreos israelenses.
Os habitantes de Gaza não deixam suas casas desde a tarde de quarta-feira (14), quando o chefe militar do movimento radical palestino Hamas foi morto em um ataque israelense.

Ataque mata 3 israelenses na região de Gaza

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Ahmad Gharabli/AFP
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Forças de segurança de Israel entram em conflito com palestinos durante protesto contra ofensiva militar de Israel em Gaza
As escolas estão fechadas e não se pode ver mais os animados grupos de crianças brincando. Momen Ahmad, 24, aguarda diante de uma padaria. "Estou há duas horas procurando uma que não esteja lotada". "Para ser honesto, não há escassez de alimentos, mas achamos que é melhor não arriscar." Outros habitantes também se preocupam com uma possível falta de gasolina.
Enquanto Momen espera, o barulho de um novo ataque aéreo é ouvido, seguido de um ruído causado por um disparo de foguete. A poucas centenas de metros dali, num hospital, começam a chegar os feridos após uma série de bombardeios no bairro de Zeutun, no leste da cidade.
O primeiro é um homem vestido com um uniforme esportivo azul, descalço, estirado em uma maca. Ele grita e chora, enquanto o médico o examina. Mas não há ferimento. "É psicológico. Simplesmente está traumatizado", afirma o doutor Ihab Chirir.
Depois, um homem traz a sobrinha de 8 anos, com uma bandagem na cabeça. As sandálias estão encharcadas de sangue. "O que aconteceu, minha filha? Onde está doendo?", pergunta o doutor Chirir. "Houve um ataque. A casa desabou. Uma parte da parede caiu na minha cabeça", afirma, mostrando os curativos que tapam um ferimento profundo em sua testa.
Uma ambulância traz uma mulher vestindo um niqab, seu nome é Lubna Dalul. Uma parede de sua casa caiu em cima dela após um ataque. Dalul está grávida de seis meses e tem medo de perder seu bebê. Atrás dela uma menina de 6 anos não para de chorar. Ela perdeu parte de um dos tornozelos.
Mesmo com a intensa chegada de feridos, o doutor Chirir permanece em calma, pragmático. "A situação é ruim, mas não tanto quanto na época da operação Chumbo Grosso", disse. A operação foi realizada por Israel de dezembro de 2008 a janeiro de 2009 e deixou 1.400 palestinos mortos, na maioria civis, assim como 13 israelenses, entre eles dez soldados.
"Mas tememos e acreditamos que o pior está por vir", afirma o médico.




http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1186160-sob-bombardeios-so-enlutados-saem-as-ruas-na-faixa-de-gaza.shtml

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