Estranhos "amigos da Síria"

Foto: East News/AP Photo/Rodrigo Abd
O Ocidente está novamente dando à oposição síria dinheiro e armas não para vencer a guerra, mas para prolongá-la.
O comunicado da reunião de ministros de 11 países que
apóiam a oposição síria armada, que aconteceu em Londres (London 11) em
15 de maio de 2014, é quase uma cópia exata dos relatórios sobre as
reuniões da organização no ano passado.
Como no ano
passado, prevê-se o aumento da ajuda militar a grupos de oposição
“testados”, afirma-se a necessidade de depor Bashar Assad e declara-se
antecipadamente a ilegitimidade das futuras eleições presidenciais. Um
detalhe novo são as declarações de fracasso das negociações internas
sírias em Genebra e de ausência de perspectivas para uma solução
pacífica da crise síria.
Simultaneamente, o líder da
coalizão da oposição síria Ahmad Jarba, durante sua visita a Washington,
reafirmou o apoio a uma resolução política do conflito. Acrescentando,
no entanto, que “a preservação da pressão sobre o regime aumentará as
chances de encontrar uma solução política” e pedindo aos Estados Unidos
da América, além de sistemas antitanque, ainda sistemas antiaéreos:
“Para que os territórios liberados prosperem e as pessoas vivam em paz,
deve ser neutralizada a Força Aérea síria.”
Jarba não
está sendo honesto. A vitória da oposição não depende de forma alguma de
fornecimentos de sistemas de armas norte-americanos. A propósito, no
ano passado, seus líderes também afirmavam que obtendo uma arma
“milagrosa” eles iriam superar o exército regular. Aparentemente, na
altura se tratava de sistemas de mísseis antitanques e de complexos
portáteis de mísseis antiaéreos de produção soviética. Agora decidiram
ajudar a lucrar um pouco aos armeiros norte-americanos. Desde o início
do ano, os Estados Unidos transferiram ao “grupo rebelde moderado” 12
complexos de mísseis antitanque BGM-71 Tow.
Segundo o
representante permanente da Síria junto da ONU, Bashar Jaafari, estes
complexos já foram usados em combate contra o exército sírio no nordeste
da Síria, perto da cidade de Kasab... por radicais da Frente de
al-Nusra. Podemos, é claro, não acreditar no que diz o diplomata sírio.
Só que a Casa Branca por alguma razão continua ponderando sobre
fornecimentos de complexos norte-americanos de mísseis antiaéreos aos
oposicionistas sírios.
Uma guerra prolongada e
fornecimentos de equipamentos de mísseis antitanque foram planejados
pelos EUA praticamente desde o início do conflito. Eles começaram a
ensinar combatentes do Exército Sírio Livre (ESL) a lidar com os
equipamentos complexos ainda desde novembro de 2012.
No
curso de duas semanas, sob a orientação de instrutores da CIA e forças
de operações especiais, estudavam simultaneamente entre 20 a 45 pessoas.
É fácil imaginar onde e como eles estão combatendo agora, depois do
colapso do ESL.
Resumindo, desde o ano passado nada
mudou. A oposição síria novamente promete uma vitória próxima,
prosperidade e paz. Mas só depois de receber dinheiro e armas. No
entanto, um dos líderes da Frente al-Nusra, Sami al-Aridi, já acusou
Jarba de roubar 75 milhões dólares destinados a ajudar refugiados sírios
e a tratar feridos. Mas quem iria acreditar nas palavras de um radical?
E Jarba recebeu outros 287 milhões de dólares para equipamentos e
máquinas não-combate.
A vitória está próxima? Segundo a
suprema liderança militar dos EUA – não. Em 14 de maio, na reunião do
centro analítico do Conselho do Atlântico em Washington, o presidente do
Estado maior conjunto dos Estados Unidos Martin Dempsey disse que os
EUA não estão fornecendo aos rebeldes o que eles precisam para derrotar o
regime de Bashar Assad.
Ele reconheceu que, mesmo que a
oposição síria consiga derrubar Assad, o país continuará sofrendo de
terror, caos e fome. O mesmo destino espera o país, disse ele, “mesmo
que Assad deixe a Síria hoje junto com sua família e apoiantes”.
Mas
se mesmo os generais norte-americanos dizem que a oposição não
conseguirá ganhar a guerra, não é melhor pará-la? A escala das
repressões e da brutalidade do regime antes da guerra já não são
comparáveis com os resultados de apenas três anos de guerra civil – mais
de 150 mil mortos, milhões de refugiados e destruição horrível. É
lógico supor que esses males não preocupam os “Amigos da Síria”. Não
tendo conseguido ganhar esta guerra, eles decidiram simplesmente
prolongá-la.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_05_19/Estranhos-amigos-da-Siria-9453/
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