A lição dos Nazis
Não há só os Palestinianos, há também os Beduínos, povo pacifico que goza da nacionalidade israelita.
Mas não são os Israelitas no verdadeiro sentido do termo, não são os Israelitas desejados pelo governo de Tel Avive; e isso é suficiente para que sejam tratados como não-cidadãos, privados dos próprios rebanhos, até das próprias casas.
Os Hebreus foram alvo de limpeza étnica na Alemanha nazi entre 1941 e 1945. E ainda hoje choram cada vez que é citada a Shoa.
Agora demonstram de ter aprendido a lição e não hesitam a transformar-se de vítimas em carnífices.
E o mundo ocidental? Prontos também a chorar os horrores do passado cada vez que alguém lembrar a Shoa, os Países do Ocidente ultrapassam de forma leve e despreocupada os horrores do presente.
Eis o relato de Neve Gordon, um israelita, publicado nas páginas do The Guardian.
E a seguir o vídeo com as principais fases da destruição da aldeia.
Limpeza étnica em Israel
O desmantelamento duma aldeia beduína pela polícia israelita, mostra até que ponto o Estado pode ir para atingir a meta de israelização da região de Negev. A polícia israelita demoliu a aldeia beduína de Al-Arakib desmantelando cerca de 45 casas em apenas três horas.http://www.youtube.com/watch?v=bvD-2BsPAQU&feature=player_embedded
Enquanto eu estava no carro em direcção a Al-Arakib, uma aldeia beduína pouco mais de 10 minutos de Beer Sheva, um ameaçador comboio de tractores estava a voltar da cidade. Logo tomada a estrada de terra para a aldeia, vi uma dúzia de camiões com policiais fortemente armados prontos para ir. Aparentemente, a missão estava cumprida.
As consequências da destruição foram visíveis imediatamente. Antes notei que as galinhas e os gansos corriam livres perto de uma casa demolida, então vi uma outra casa e outra ainda, todas reduzidas a escombros. As crianças estavam à procura de um local com sombra para fugir do sol escaldante do deserto, enquanto atrás deles uma nuvem de fumaça negra subia do feno em chamas. Não havia ovinos, caprinos e bovinos, confiscados provavelmente pela polícia.
Um grupo de beduínos estava no topo duma pequena colina a falar do que se tinha passado desde as primeiras horas da madrugada, cercados por árvores desenraizadas deitadas no chão. Uma aldeia inteira de 40-45 casas foi completamente destruída em menos de três horas.
Imediatamente tive um deja vu: caminhar no meio dos escombros duma vila destruída nos arredores da cidade libanesa de Sidon. Era mais do que 25 anos atrás, durante o meu serviço como pára-quedista em Israel. A diferença é que os residentes no Líbano tinham fugido muito antes da chegada do meu pelotão, e nós simplesmente atravessamos os escombros. Havia algo de surreal naquele evento, que durante anos impediu-me de compreender plenamente a sua importância. Na época, parecia caminhar na lua.
Hoje, imediatamente senti o impacto da destruição. Talvez porque as 300 pessoas que viviam em Al-Arakib, incluindo crianças, estavam sentadas nos escombros e ansiedade deles era evidente, talvez porque a aldeia está localizada a 10 minutos da minha casa, em Beer Sheva, e aqui passo para ir para Tel Aviv ou Jerusalém, ou talvez porque os beduínos são cidadãos de Israel e de repente eu percebi até onde o Estado está preparado para ir para tornar "Israel" a região de Negev; o que eu tinha presenciado foi um verdadeiro acto de limpeza étnica .
Diz-se que a próxima intifada será a dos beduínos. Há 155 mil beduínos no Negev, e mais de metade vivem em aldeias ilegal, sem electricidade ou água corrente. Não sei o que eles poderiam fazer, mas a deixar 300 pessoas sem abrigo, das quais 200 são crianças, Israel está semeando a discórdia no futuro.
Fonte: The Guardian via ComeDonChisciotte
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