domingo, 1 de agosto de 2010

O SUICIDIO ALIMENTAR

Enviada por EDU

O suicídio alimentar

Temos que importar.
Leite deitado fora, laranjas destruídas, terras não cultivadas, fazendas em crise: mas temos que importar.

A qualidade dos produtos importados é menor do que a fornecida pelos agricultores locais? Estes mesmos agricultores não podem competir com os preços da concorrência estrangeira? O que conta é importar.

Séculos (milénios?) de tradições e práticas desaparecem em nome do mercado.

A massa é um símbolo da culinária e da tradição italiana. O que acontece no País transalpino não é um caso isolado: perguntem porque razão na região do Algarve, em Portugal, já ninguém recolhe as amêndoas.

Lasanhas mexicanas

É a altura da colheita do trigo e muitas fazendas, em vez de ver recompensados meses de trabalho, podem fechar. 474 mil empresas perdidas nos anos de 2000 a 2007, um quinto do total. Não é difícil de acreditar, dado que os preços pagos aos agricultores têm vindo a diminuir de forma constante ao longo dos anos. Basta dizer que o preço de um quilo de trigo chegou a 13-15 Euros, contra os 25 de duas décadas atrás. Tal como foi confirmado pela relação Ismea 2008, sobre o sector do trigo, a rentabilidade da cultura do trigo duro tem mostrado uma tendência de flutuação nos últimos anos, uma consequência directa da volatilidade dos preços e de custos de produção em aumento.

De acordo com dados oficiais, em 2009 os preços no atacado caíram, em relação ao ano anterior, 71% para as cenouras, 53% os pêssegos, 30% o trigo e o leite, 19% a uva e a tendência não parece melhorar este ano, pelo contrário. Então, mais barato o trigo e mais barata a massa? Nem por isso. apesar da redução detectada pelo Instituto de Estatística italiano (ISTAT) de 1, 2% no ano anterior, o preço médio de um quilo de massa varia desde 1,39 Euros em Nápoles, 1,70 Euros em Roma até 1,91 Euros em Milão . Os agricultores recebem uns cêntimos, na transição do campo para a mesa. Esta enorme diferencia levou a um colapso da sêmea do trigo, em comparação com um consumo médio estável de 26 quilos per capita.

Made in Italy? A este ritmo, mais de 1,5 milhões de toneladas anuais de massa consumida irá "falar" mexicano, turco, canadiano. Sem que o consumidor possa ser informado. Mais de um bilião de quilos de massa "italiano" são produzidos com grãos extracomunitário sem qualquer indicação no rótulo. Esta não é uma irregularidade por parte dos produtores, estas são as regras da União Europeia: a obrigação de indicar o lugar de origem afecta somente certos tipos de alimentos (especialmente carne, aves, peixes, ovos, leite, frutas e legumes, mel fresco, molho de tomate, azeite de oliva). Mas não há nenhuma obrigação para massa, pão, queijo, carne de porco e enchidos, e outros alimentos ainda.

O resultado é que mais de um terço da massa é feita com milho que não foi plantado em Italia; dois em cada três presuntos vendidos como "italianos" foram feitos com animais criados no estrangeiro; metade da mozzarella é feita com leite ou até coalhadas estrangeiras, como foi confirmado pelo recente caso do queijo azul. Remuneração em queda livre, a falta de protecção no reconhecimento dos produtos locais, concorrência "desleal" dos produtos estrangeiros: não é de estranhar que mais e mais empresas sejam forçadas a fechar.

Tal como dito: esta a situação em Italia. Perguntem aos agricultores de outros Países europeus e poderão observar uma situação igual ou em certos casos até pior.

Em nome só do comercio?
Não, há mais do que isso. As mentes pensantes de Bruxelas parecem têm outras ideias: transformar a Europa num continente industrial e, sobretudo, do sector terciário, abandonando a produção agrícola menos rentável. Esta última pode ficar para Países menos industrializados ou até em desenvolvimento.

Ao longo da própria história o Homem tem lutado para a propriedade das terras mais férteis, chegando a guerra sangrenta para controlar um recurso considerado como fundamental.
A Europa agora propõe um novo rumo: o rumo da dependência alimentar. Cada vez menos produção e mais importação do estrangeiro.

Uma evolução? Não, um suicídio.

Ipse dixit.

Fonte: Terranews

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