Bernanke falou e o mercado respondeu. Hoje foi um dia para esquecer nos mercados mundiais.
Há muito que os investidores desconfiavam que a retoma mundial estava ameaçada e que os sinais positivos recebidos no primeiro semestre não se vão repetir no que resta de 2010.
E ontem Ben Bernanke deu razão aos ‘pessimistas' ao afirmar, à letra, que "o ritmo da retoma económica no curto prazo será provavelmente mais modesta do que o antecipado".
De Londres, durante a manhã, chegou outro sinal de alarme com o banco central britânico a rever em baixa as estimativas de crescimento do país e a avisar que poderão ser precisas medidas adicionais de estímulo económico, um recado para o recém-chegado David Cameron.
Tudo isto, somado a um agravamento do défice comercial norte-americano e a sinais de descontrolo nos preços na China, despoletou hoje um verdadeiro ‘sell-off' nos principais índices accionistas mundiais, de Nova Iorque a Moscovo.
É que menos crescimento económico pode ser sinónimo de consumo anémico que, por sua vez, pode significar fracos resultados empresariais. São motivos que bastem para que poucos se atrevam a apostar nos louros do mercado accionista.
Paris, Londres e Frankfurt resvalaram mais de 2% e Madrid liderou os tombos na Europa com uma descida superior a 3%. Com o mesmo tom, os índices americanos Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq regrediam 2% em Nova Iorque.
Todos os sectores representados no S&P 500 e no índice da Bloomberg que reúne 500 cotadas europeias protagonizaram perdas avultadas, com destaque negativo para os bancos.
"Os investidores estão a vender acções por temerem uma quebra nos resultados empresariais, já que a economia está a perder fôlego", explicava James Swanson, estratega da MFS Investment Management, à Bloomberg.
Esta queda abrupta dos mercados "foi a reacção aos sinais de que as maiores economias mundiais estão a perder força, e isso reforça o ‘factor medo' em relação à retoma global", sublinhou Peter Cardillo, economista-chefe da Avalon Partners, à CNN.
Os sinais de ‘pânico' chegaram rapidamente aos mercados cambiais e petrolíferos. Com um arrefecimento económico em vista, o que significa menor consumo de energia, os preços do petróleo caiam 2,5% tanto em Londres como em Nova Iorque, estando a negociar abaixo da barreira dos 78 dólares o barril.
Também o euro sofre na pele o pessimismo que inundou os mercados mundiais. A divisa comunitária já esteve a perder 2,35%, a maior queda intra-diária em 2010, estando a ser negociada nos 1,2867 dólares.
Em sentido contrário, a onça de ouro, um histórico refúgio dos investidores em tempos de crise, valoriza para cima dos 1.200 dólares.
sapo.pt
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