sábado, 25 de setembro de 2010

A CRISE E O DESEMPREGO

EDU DALLARTE
A crise e o desemprego




A crise acabou. Ainda uma vez.

Entre mercados drogados, dados positivos (Alemanha) e Pigs em apuros (olá Portugal!), no mundo há centenas de milhões de pessoas sem emprego. 30 milhões ficaram desempregadas ao longo da última crise, mas sabemos que estes são números oficiais: a verdade é muito mais crua.

Dominique Strauss-Kahn, chefe do Fundo Monetário Internacional, está preocupado: muito desemprego significa perigo de desordem social. Olha só.

Ficou tão contente com a sua descoberta que foi até a Suécia para comunicar ao mundo o que o mundo já sabia.

E, ao longo da viagem, evidentemente não parou de pensar, chegando assim a outra conclusão: uma apertada politica fiscal pode estrangular a retoma. Interessante.
Mas não é este o mesmo FMI que opera na Grécia?

O FMI teme explosão social da crise mundial de emprego

"O mercado de trabalho está em sérios apuros. A Grande Recessão deixou para trás um deserto de desemprego ", disse Dominique Strauss-Kahn, chefe do FMI, durante uma cimeira em Oslo ao longo do summit da Organização Internacional do Trabalho (ILO).

Strauss-Khan disse que uma recessão dupla permanece improvável, mas ressaltou que o mundo ainda não escapou a uma crise social bem mais grave. Argumentou que é um grave erro pensar que o Oeste esteja salvo depois de ter dançado tão perto do abismo no ano passado. "Não estamos seguros", disse ele.
Dominique Strauss-Kahn
Um relatório conjunto FMI-ILO diz que desde o início da crise foram perdidos 30 milhões de empregos, dos quais três quartos nas economias ricas. O desemprego global atingiu um nível de 210 milhões. "A Grande Recessão deixou feridas abertas. Um alto e duradouro desemprego é um risco para a estabilidade das democracias existentes ", acrescentou.

O estudo citado mostra que as mais jovens vítimas da recessão, com cerca de vinte anos ou pouco mais, sofreram danos permanentes, com perda de confiança nas instituições públicas. Uma nova espiral é constituída pela aparente diminuição da "intensidade do emprego para o desenvolvimento", porque os prejuízos da produção provocam um menor aumento do número de trabalhadores. Por este motivo, é difícil reabsorver todos aqueles deixados de fora do trabalho, mesmo que a recuperação pegue. O mundo deveria criar 45 milhões de empregos por ano ao longo da próxima década apenas para tentar compensar as perdas.
Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, disse que no passado a percentagem de trabalhadores desempregados tinha crescido em todas as recessões, mas desta vez os números aumentaram de forma abrupta..

"O desemprego de longa duração é muito preocupante: nos Estados Unidos a metade dos desempregados ficou afastada do trabalho por mais de seis meses, algo que não tinha acontecido desde a Grande Depressão", disse.

A Espanha sofreu o golpe mais duro, com o desemprego perto do 20%. A taxa na Grã-Bretanha passou de 5,3% para 7,8% nos últimos dois anos, um valor ligeiramente melhor do que a média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Isto contrasta com os anos 70 e início dos anos 80, quando o Reino Unido era conhecido por ser o pior neste aspecto. Atualmente os desempregados britânicos são 2,48 milhões.

Blanchard pediu um estímulo monetário adicional como primeira linha de defesa, se "os piores riscos se concretizarem", mas acrescentou que as autoridades não devem excluir outras ajudas fiscais, apesar das preocupações sobre a dívida. "Se o estímulo fiscal contribui para evitar o desemprego estrutural, effettivavemte paga-se por si mesmo", disse.

Os Países mais avançados não deveriam apertar a política fiscal antes de 2011: as restrições precoces enfraqueceriam a retoma, diz o relatório, repreendendo a coligação da Grã-Bretanha, os falcões da oposição na Alemanha e os Republicanos nos EUA. Sob o socialista francês Strauss-Kahn, o FMI tomou uma aspecto ao estilo Keynes.

O relatório aborda apenas marginalmente o problema de como a globalização permita que as empresas apostem no "labour arbitrage", deslocando fábricas em economias de baixo custo como a China para enviar os produtos de volta para o Ocidente. Nem mesmo aprofunda as distorções do mercado causadas pela política monetária da China, excepto para convidar os "Países do excedente" a desempenhar um papel activo no reequilíbrio global.

O FMI disse que pode haver uma conexão entre o aumento da desigualdade no interior das economias ocidentais e queda da demanda.

Os historiadores dizem que a última vez que a diferença na riqueza chegou a tais extremos foi em 1928-1929. Alguém argumenta que a concentração de riqueza pode causar investimentos superiores a demanda, levando à superprodução. Isso pode empurrar o mundo para uma recessão.

Fonte: Telegraph

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