Um dos carros-bomba explodiu próximo ao Ministério da Justiça iraquiano
25 de outubro de 2009Foto: AFP
Dois ônibus-bomba explodiram hoje no coração de Bagdá causando a morte de 132 pessoas e ferindo 520, no atentado mais violento em dois anos e que foi cometido perto da área supostamente mais segura do país. As bombas detonadas por terroristas suicidas explodiram quase simultaneamente em frente ao edifício do governo de Bagdá, perto do hotel Mansur, e nas proximidades do Ministério da Justiça, no bairro de Al-Salehiya.
Os dois locais ficam perto da Zona Verde, onde se concentram embaixadas e vários ministérios. "O sangue das vítimas estava derramado pelas ruas e alguns corpos ficaram carbonizados", disse à agência EFE uma testemunha do atentado. As autoridades revisaram os números de vítimas, até chegar ao número - ainda provisório - de 132 mortos e 520 feridos.
A maioria das vítimas era de pedestres que passavam pelo local no momento das explosões por volta das 9h30 local (4h30 de Brasília). Alguns dos corpos queimaram diante do olhar de todos, segundo várias testemunhas. Além dos pedestres, também houve vítimas entre os funcionários dos edifícios oficiais que eram alvos do atentado, assim como entre os hóspedes do hotel Mansur.
Várias testemunhas disseram que quebraram os vidros de edifícios situados em várias centenas de metros em torno do local das explosões. Além disso, cerca de 20 carros que estavam estacionados perto do local do atentado pegaram fogo, afirmaram as fontes.
Momentos depois do ataque, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, foi ao local e prometeu fazer tudo o possível para levar à Justiça os autores desta tragédia. Nas imagens divulgadas pela televisão, o premiê apareceu com expressão grave e de preocupação.
Não ocorria uma tragédia desta magnitude desde 14 de agosto de 2007, quando mais de 250 pessoas morreram devido à explosão de quatro caminhões-bomba na província de Ninawa, no que havia sido o atentado mais sangrento desde a queda do regime de Saddam Hussein, em abril de 2003.
Naquela ocasião, o atentado teve como alvo o centro de Bagdá, em um ataque parecido com as explosões que ocorreram em 19 de agosto passado, perto de vários edifícios oficiais, que deixara, cerca de 90 mortos e mais de mil feridos.
Como costuma acontecer no Iraque, nenhum grupo terrorista assumiu imediatamente a autoria do ataque, mas este se parece com outras operações realizadas antes por grupos ligados à Al-Qaeda. "Há uma ligação entre o que aconteceu em 19 de agosto e hoje, e que têm como alvo o Estado do Iraque e a segurança do país", afirmou à televisão o presidente da Rede de Informação iraquiana, Hassan Salma.
Os atentados de 19 de agosto foram atribuídos a um grupo terrorista ligado à rede Al-Qaeda, e o Governo de Bagdá afirmou que também teriam o envolvimento de antigos partidários políticos do regime de Saddam Hussein. As explosões aconteceram em um momento politicamente delicado no Iraque, já que há uma discussão em andamento sobre uma reforma da lei eleitoral que regulamentará as eleições gerais convocadas inicialmente para 16 de janeiro de 2010.
O Parlamento iraquiano fechou na semana passada sem acordo uma série de debates sobre pontos-chave desta reforma, e a gestão passou agora para as mãos do Comitê Político da Segurança Nacional, que tem como membros representantes de todos os grupos políticos.
O analista Ahmar Hamid disse à EFE que acredita que por trás dos atentados de hoje estão "inimigos do processo político" que está sendo realizado no Iraque para formar instituições estáveis, por isso pediu que os líderes do país superem suas divergências.
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